Quando entrou no Grupo de Pesquisa Georisco, em 2021, a estudante do curso de Geografia da UFRN Jamily Araújo conhecia a área de Redução de Riscos de Desastres (RRD) apenas superficialmente. “Minha introdução ao Georisco trouxe uma compreensão mais profunda do estudo dos riscos. Ao estudar as obras publicadas, conectei a história do desaparecimento dos Neandertais no Pleistoceno. Essa perspectiva se concretizou na combinação dos temas de evolução humana e riscos, originando a ideia central da minha pesquisa”, conta a acadêmica.
Os Neandertais despertaram o interesse de pesquisa em Jamily por sua capacidade adaptativa. Devido ao seu parentesco evolutivo com nossa própria espécie, ela supõe que a investigação pode oferecer contribuições substanciais para a esfera científica, já que a extinção do Homo neanderthalensis pode trazer elementos para refletir sobre a capacidade adaptativa frente aos riscos de desastre.
A pesquisadora notou a resiliência e as habilidades que desafiavam as percepções de uma intelectualidade supostamente inferior. Diante das flutuações climáticas e desafios ambientais daquele período, os Neandertais demonstraram um viés tecnológico sofisticado, o que permitiu uma série de adaptações em seus modos de viver. Mesmo assim, a variável climática surge como um dos fatores responsáveis pelo aumento da vulnerabilidade e consequente extinção da espécie.
A proposta de estudo, em fase inicial de desenvolvimento, busca traçar um paralelo para compreender nossa própria busca por adaptação em um cenário de intensificação de fenômenos climáticos extremos. “A oportunidade de abordar questões cruciais, como resiliência, vulnerabilidade e adaptação, por meio de uma lente evolutiva, é irresistivelmente cativante para mim”, declara.
Texto: Eloisa Loose